Introdução
A era védica na Índia, que testemunhou o surgimento dos hinos sânscritos conhecidos como Vedas, teve início por volta de 1200 a.C. durante a Idade do Bronze tardia e a Idade do Ferro inicial, abrangendo a região do norte da Índia, desde o alto vale do rio Indo até o baixo Ganges, e das colinas do Himalaia até as montanhas Vindhya. O pensamento védico evoluiu através de uma fase intermediária envolvendo a composição dos Brahmanas e Upanishads interpretativos, seguidos pelos Puranas mais tarde. Este artigo explorará a significativa contribuição das Upanishads, consideradas por muitos como o auge da literatura hindu, e como esses textos continuam a desempenhar um papel vital na religião, filosofia e cultura indianas.
Os Quatro Vedas
Os Vedas, compreendendo o Rigveda, Yajur Veda, Sama Veda e Atharva Veda, consistem em cerca de 1.028 hinos em sânscrito védico. Esses hinos, dedicados a divindades específicas, eram recitados em conexão com sacrifícios religiosos e considerados "shruti" (o que é ouvido), diferenciando-se de textos "smriti" (o que é lembrado) de origem humana. Transmitidos oralmente com precisão, mesmo após a adoção da escrita, os Vedas são as escrituras mais antigas do hinduísmo.
Desdobramento Filosófico nas Upanishads
As Upanishads, culminação do pensamento védico, focam na adoração ritualística e no conhecimento de Brahman. Com mais de 200 Upanishads, destacam-se dez principais, incluindo Isha, Kena, Katha, Prashna, Mundaka, Mandukya, Taittiriya, Aitareya, Chandogya e Brihadaranyaka. Esses textos revelam conceitos-chave como a doutrina da reencarnação, a lei do karma, técnicas de libertação, disciplinas de ioga e a renúncia a elementos como sexo, riqueza e vida familiar.
Sati no Rigveda e Evolução de Conceitos
O Rigveda, provavelmente concluído por volta de 900 a.C., menciona sati, a prática de autoimolação pela esposa no funeral do marido. A interpretação varia, descrevendo-a como um gesto simbólico ou uma prática mais antiga de cremar viúvas. Em textos posteriores, como o Brahma Purana, sati é apresentada como um dever. Este artigo aborda a complexidade dessas interpretações e destaca o papel da tradição hindu ao longo dos milênios.
A Visão da Morte nas Upanishads e Textos Relacionados
As Upanishads, particularmente a Chandogya, oferecem uma perspectiva da morte como transição e renovação. A concepção de akaal mrityu (morte inoportuna) versus kaal mrityu (morte oportuna) destaca a importância do contexto na avaliação da moralidade da morte, incluindo suicídio. O debate sobre aatma hatya (matar a alma) e suas interpretações adiciona uma camada de complexidade à compreensão do suicídio nas escrituras hindus.
Conclusão
As Upanishads, fundamentais na literatura hindu, continuam a exercer uma influência profunda na cultura e filosofia indianas. Seu impacto se estende a tradições heterodoxas, como o jainismo e o budismo, refletindo a complexidade e a riqueza do pensamento religioso na Índia antiga. Este artigo destaca a importância desses textos milenares, fornecendo uma visão abrangente de seu papel duradouro na sociedade indiana.